um modo de ser que o tempo apagou
Minha terra dos pregões,
das récitas,
dos cantares,
das crenças, superstições,
e dos jogos populares.
Minha terra de pomares,
de hortejos e vinhedos,
das praias,
do mar azul,
dos arraiais e folguedos.
Minha terra das chufas,
dos impropérios,
do jeito rude e fagueiro,
das festas, das procissões,
e do fato domingueiro.
Minha terra das descascas,
e bailaricos na eira,
dos mastros
p’lo S. João,
e do saltar a fogueira.
Minha terra da empreita,
dos bordados,
e das rendas,
dos bilros e bastidores,
das preces e das oferendas.
Minha terra de brancura,
dos poiais e barras vivas,
das casas simples,
caiadas,
e das janelas floridas.
Minha terra de mil brigas,
disputas e mexericos,
de enredos,
e de intrigas,
de sortes e namoricos.
Minha terra dos serões,
dos milhos e do xerém,
do vinho novo,
das mós,
dos meios reis e do vintém
Minha terra dos presépios,
com figuras de encantar,
do natal simples,
e belo,
e das canções de embalar
minha terra de magia,
de rezas e de feitiços,
das bruxas,
dos lobisomens,
dos medos e das crendices.
Minha terra de poesia,
e das noites
de luar,
do cheiro da maresia,
e das histórias de pasmar.