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Alvor,a terra e a ria

Alvor,a terra e a ria

11
Jun23

As flores do passadiço

Joaquim Morais

 

 

foto limoniastrum.jpg

 

 

 

  Privados da flor que as ilustra, adormecem entre dezembro e fevereiro, não deixando, apesar disso, que a inércia comprometa a sua viçosa graça.

  Regressam em março para guarnecer de cor a margem esquerda da ria, e até novembro, vão animar a vista dos que por lá se passeiam, com os lilases variados das suas bonitas flores.

 

  Quando a vida nos permite o tempo que as inúmeras obrigações impediram em grande parte do seu decurso, é altura de olharmos em redor. Teremos por certo esta e outras surpresas, que nos farão despertar para uma realidade da qual fomos parte activa, e de que nos temos vindo a afastar tempo demais.

 

  As estações oferecer-nos-ão os frutos das suas árvores; reparar neles talvez espante a ausência que nos tolhe.

 

  A natureza também somos nós.

 

  É uma planta tipicamente mediterrânica, conhecida pelo nome científico de limoniastrum monopetalum, e pela designação comum de salado ou purslane seco.

 

  Tolera bem a salinidade dos terrenos onde está habitualmente implantada, mas pode embelezar os jardins das nossas casas, não necessitando de especiais cuidados. É resistente a pragas e a secas; não requer grande manutenção; não precisa de ser podada, sendo suficiente fertilizá-la apenas uma vez por ano. Multiplicam-se no verão atras de estacas.

 

  Tal como o salado, mas apenas na zona onde desponta o relevo dunar, portanto um pouco mais afastada dos terrenos salgados, há uma outra espécie, que, para além da utilização feita por alguns pescadores em Alvor há algumas décadas, e descrita por mim em post anterior, tem características idênticas e pode perfeitamente integrar-se em jardins. Tem o nome comum de Aroeira, sendo também conhecida por Lentisco: possui folhagem abundante, e tem de entre as suas valias paisagísticas, a possibilidade de gerar bonitas sebes.

 

  São plantas autóctones de raiz mediterrânica, sobretudo recomendadas para ter em conta num contexto de escassez de recursos hídricos.

10
Jan22

Os caminhos da água

Joaquim Morais

 

 

Brotam no silêncio austero

dos íngremes recantos da terra,

e em cada gota trazem a imensidão e o azul.

Soletram as pedras que dizem do seu norte,

e navegam rasteiras estrelas,

até que o mar os tome, e nos canteiros do sol

acendam os humores do vento.

Voltarão na suspensa leveza das alturas,

esperando que a harpa da chuva

execute a música do tempo.

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