Sentinela Flutuante
O salva-vidas de Alvor é um barco com uma enorme esteira simbólica que desencadeia emoções fortes e é um repositório de episódios marcantes na história, algumas vezes trágica, dos pescadores da nossa terra.
Restaurando a esperança
Sem preâmbulos, nem avisos,
a várzea oceânica abriu-se
num temporal desfeito.
Em terra, os maus pensamentos
depressa afiam os aguilhões
da ansiedade e do desespero.
Prestes se aparelha no cais
o guardião da existência,
e doze homens enfrentam
o turbilhão do abismo
restaurando a esperança.
Na cordilheira movediça
em que as alfaias de Eolo
converteram a barra,
remam ao compasso da angústia.
Uma a uma, as embarcações
demandam a infernal passagem.
Rebentação e vento,
acompanham gritos e preces
numa sinfonia de desespero.
Atenta e solidária,
a sentinela flutuante balouça,
ao ritmo das convulsões elementares.
Na praia, alguém de negro vestido,
assiste alternando o olhar
entre os céus e o mar revolto.